"NENHUM PASSO PARA TRÁS!"

Os protestos vêm tomando conta do Brasil. Confira minha opinião.

A FALTA DA VOZ

A torcida do São Paulo, em meio ao ruim desempenho da equipe, pede a volta de Muriciy.

A SELEÇÃO QUE PRECISAMOS

Saiba a minha opinião a respeito dos 11 titulares da Seleção Brasileira.

ESTRELA DE CAMPEÃO

A defesa de Victor foi a maior prova de que o Atlético está no caminho certo para o título.

A POESIA DE NEYMAR

Neymar se despediu ontem do Santos para assinar contrato com o Barcelona.

29 de set. de 2012

Garoto perfeito




Menino simpático, repleto de valores familiares, simples no seu jeito de ser e educadíssimo. Menino perfeito, certo? Errado. Alan Fonteles, quando ainda era criança, se viu obrigado a amputar as suas duas pernas devido a uma infecção e passou a conviver o resto da sua vida com próteses mecânicas - não que para ser perfeito seja necessário ter as duas pernas.

Presume-se, logo, que sua vida está arruinada, certo? Errado novamente. O garoto de boníssima índole enfiou em sua cabeça que iria trazer medalhas para o Brasil no atletismo, não importasse como. Batalhou duro para isso, mas acabou com o resultado que queria.

Em 2008, ganhou a medalha de prata no revezamento e nesse ano bateu a lenda Oscar Pistorius nos 200m T44(classe para atletas amputados) , em uma histórica arrancada. Na prova, assim como em sua vida, saiu lá de trás, do buraco, para a primeira posição. Não só venceu a prova: superando todas as dificuldades, venceu na vida.

E como se não bastasse, o sucesso não lhe subiu à cabeça. Muito simpático, como sempre, me respondeu a 7 perguntas muito interessantes, por telefone:



  • Você ganhou nos 200 metros do Oscar Pistorius, considerado o Usain Bolt paralímpico. É um feito e tanto... Como é viver com essa nova condição de ídolo? 

É uma sensação de realização, dever cumprido. Eu treinei muito para isso, me deixa realmente muito feliz. Passa pela minha cabeça a condição que eu tinha desde criança, a dificuldade,mas vejo que hoje tudo valeu a pena. Estar representando bem o meu país é uma sensação muito boa.

  • Os 200m são mesmo a sua especialidade? No mundial do ano que vem, na França, pretende fazer as mesmas três provas de Londres ou focar só nos 200m? 


A minha especialidade é os 200m, mas vou sempre arriscar as 3 provas. Quero me especializar também nos 400m. 


  • Na infância e adolescência você teve dificuldades em conseguir boas próteses? 
Tive sim... o meu primeiro patrocínio e a ajuda vieram apenas em 2008... foi muito complicado, mas graças a Deus agora está dando tudo certo e estou tendo o apoio necessário.


  • Como explicar o fato de o Brasil ir melhor na Paralimpíada do que na Olimpíada? 
Eu não sei exatamente o porquê, mas o Brasil paralímpico tem uma delegação de atletas muito bons e o investimento também está crescendo cada vez mais. Tenho certeza que os atletas olímpicos, assim como nós, vão para fazer o seu melhor.

  • Atletas paralímpicos não gostam de ser vistos com olhar de compaixão. Querem ser tratados pelas vitórias e não pelas deficiências. É assim mesmo? 
Sim, é isso mesmo, o esporte paralimpico é um esporte de honra. A gente treina e se dedica muito, não queremos ser vistos como coitados .Somos atletas profissionais em busca do nosso melhor.


  • O esporte paralímpico brasileiro recebe as verbas e cuidados que merece? 
Mesmo com as dificuldades normais dos atletas, o esporte paralímpico está crescendo muito e tenho certeza que só tende a melhorar a partir de 2016, quando receberemos os jogos.


  • Seus objetivos para 2016, quais são? Pretende seguir os passos de Pistorius e participar também das Olimpíadas? 
Em 2016 o meu foco será apenas as paralímpiadas. Depois penso nessa possibilidade, mas o que eu pretendo é participar do Troféu Brasil no ano que vem.

26 de set. de 2012

Viva como se fosse único










prova mais nobre do atletismo, a corrida de 100m rasos, durou em Londres exatos 9,62 segundos, vencida por Usain Bolt. O lema de Londres (“Viva como se fosse único”) justifica: foram talvez os mais intensos dias vividos pela capital britânica nos últimos anos. Já dizia o ditado: coisas boas passam rápido.E como passam... Desde a cerimônia de abertura, passando pelo histórico 5 de julho, quando o Team GB (de Grã Bretanha) conquistou 6 medalhas de ouro, atravessando as conquistas do jamaicano e do recorde de medalhas ultrapassado por Michael Phelps, se deram apenas 15 dias, fantásticos 15 dias.


De tudo aconteceu nessa quinzena: emoções, sentimentos saltando à flor da pele, derrotas, tristezas; porém não faltaram vitórias.Novecentas e vinte e oito medalhas foram entregues, sendo elas 301 de ouro, 301 de prata e 326 de bronze. Das 301 douradas, apenas 3 foram destinadas a atletas ou equipes brasileiras.


Quem teve a honra de subir ao lugar mais alto do pódio foram Sarah Menezes, na categoria ligeiro do judô; Arthur Zanetti na ginástica artística(argolas); e a seleção de vôlei feminina. Foi um desempenho aquém do esperado, mas justificável em alguns aspectos. O Brasil nunca foi uma potência olímpica e ainda está longe de ser. Embora a delegação brasileira tenha ido a Londres com nomes com técnica de sobra, ainda falta um trabalho psicológico para que mais medalhas venham. Casos como o de Diego Hipólito, ginasta sempre franco favorito ao ouro, e Fabiana Murer, campeã mundial e pan-americana, mas que assim como seu compatriota, está zerada quanto a medalhas olímpicas, são frequentes quando se trata de Brasil em Jogos Olímpicos.

A “bronca” que fica, porém, não é voltar sem medalha, afinal o erro para qualquer atleta é legítimo. O que talvez seja imperdoável é nem ao menos tentar.

O lema, logo, volta à tona nesse caso; é preciso aproveitar as chances que as são concedidas nas Olimpíadas.No entanto, a maior saltadora de vara do Brasil saiu do protocolo e fez exatamante ao contrário.

                                         

Em Londres, Murer se deu ao luxo de não saltar em sua última tentativa, alegando uma ventania demasiadamente forte, o que, segundo ela, poderia vir a causar lesões e comprometer o seu rendimento durante o ano. O resultado? Eliminação precoce, sem chegar sequer as 12 finalistas, desperdiçando talento e como consequência vendo sua dignidade ser jogada fora. Dignidade, aliás, que foi construída através de um trabalho duro e treinamentos sem a estrutura adequada para a prática.


Se o Brasil vai minimamente bem nas Olimpíadas, é resultado muito mais do esforço próprio de cada atleta e seus treinadores do que pela estrutura esportiva do país. Enquanto muitos atletas de diversas modalidades têm que bancar os seus próprios utensílios e viagens, Neymar e companhia recebem 3 milhões de reais por mês. O resultado, porém, não foi muito distinto dos demais: mesmo com tudo que se é preciso, a seleção brasileira de futebol fracassou e acabou com o segundo lugar.Prata, para o futebol que há tanto tempo almeja o ouro, foi muito pouco.


Presume-se que dinheiro resolve a vida de qualquer atleta.Verdade que a parte financeira para o resto da vida está garantida, mas quanto ao resultado não é essencial para a vitória; quando o atleta realmente se doa e se dedica – fora algumas inconveniências de competição -, o resultado será o melhor possível. E não há prova mais digna do que os atletas paralímpicos. Alguns cegos, outros sem braço, sem perna e alguns até com o movimento do corpo inteiro comprometido. Mas mesmo com todas as adversidades possíveis, estão lá disputando uma competição de altíssimo nível e mais importante do que tudo, honram a pátria.
  
  
Olimpíadas x Paralimpíadas 

Se nos Jogos Olímpicos o primeiro dia foi sensacional, nas Paralimpíadas não deixou de ser diferente.As mesmas 3 medalhas foram conquistadas( uma de ouro, uma de prata e uma de bronze). Porém o que fez os atletas paralímpicos se diferenciarem dos considerados “normais” foi o final no quadro de medalhas: foram garantidas ao todo 43 premiações, contra singelas 17 no Brasil olímpico. Só Daniel Dias e André Brasil, ambos nadadores, trouxeram ao Brasil 12 condecorações .Além dos dois, a maior surpresa se deu pela vitória de Alan Fonteles em cima de Oscar Pistorius, o primeiro biamputado a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos simultaneamente.Vindo de família humilde e sem as duas pernas desde criança, Fonteles se viu obrigado a correr a maior parte da infância com próteses de madeira, sem o apoio necessário.Mas garante que isso está mudando. “Em 2008 recebi o meu primeiro patrocínio.Desde então as coisas só vem melhorando, a estrutura está se adequando e tenho certeza que a partir de 2016 vai ficar melhor ainda”, afirmou Alan, com exclusividade, para o REDONDA.

A comparação entre o Brasil nas duas edições, porém, não permite uma conclusão de fato.Mas existe uma verdade e há de ser dita: os atletas paralímpicos nos dão a impressão de honrar mais a nação. Desde as suas dificuldades até a chegada do momento de definição, da competição, exibem mostra de seu valores, independente se há ou não alguma deficiência que possa lhes comprometerem. Alan garante que não: “O que eu posso afirmar é que, assim como nós, os atletas olímpicos buscam o seu melhor.Não sei dizer exatamente também o por quê do Brasil paralímpico trazer mais resultados, mas não tenho dúvida de que estão lá para trazer medalhas.”

A ideia é contraditória: embora o Brasil vá muito bem em Paralimpíadas, certamente não estará em um bom ranking se o assunto a ser tratado é o apoio aos deficientes no cotidiano de nossas vidas.O velocista brasileiro diz que a estrutura está melhor que antigamente e só tende a melhorar.O que não justifica também o desempenho dos Estados Unidos, em um ranking com certeza muito maior no apoio, relativo aos cuidados com deficientes físicos, porém apenas uma colocação acima do Brasil no quadro final de medalhas. O que talvez possa explicar é a ajuda ao esporte paralímpico e não aos deficientes em si.


E quando perguntado se devíamos sentir pena de atletas paralímpicos, Alan não hesitou: “O esporte paralímpico é um esporte de honra.Somos atletas profissionais, treinamos e nos dedicamos muito em busca de nossos objetivos, e não queremos ser tratados como coitados.”
Mas sejamos honestos: há de se sentir pena a quem traz 43 medalhas ao nosso país tão pobre em desenvolvimento? 


Olimpíadas               Paralimpíadas

  23° lugar                     7° lugar
17 medalhas              43 medalhas

3 de ouro                   21 de ouro
5 de prata                  14 de prata
9 de bronze                8 de bronze

25 de set. de 2012

Série especial

Começa hoje uma nova série especial do Redonda, "Viva como se fosse único".Como já dito anteriormente, diversos textos aqui serão publicados, todos com o tema Londres 2012 em foco.

A reportagem é quase uma só, porém aqui no blog será dividida em partes, ainda não definida em quantas.Além dos habituais textos, a série contará com entrevistas EXCLUSIVAS concedidas por Alan Fonteles, medalhista paralímpico dos 200m T44, Murilo e Jaqueline, medalhistas do vôlei e possivelmente com Felipe Kitadai e Rafael Silva ( ambos judocas, ambas entrevistas sendo providenciadas).

A reportagem foi fruto de um trabalho duro, desde o acesso aos atletas até a formação do texto e as informações que nele constam.

Agradeço desde já minha tia Syanne Neno, repórter e apresentadora do programa Camisa 13 de Belém, que me ajudou no contato com Alan, e como de praxe, ao meu pai, pelas fotos e pelo acesso aos judocas.

10 de set. de 2012

Pequena pausa

Informo a vocês, leitores, o motivo da minha pausa desde o término das Olimpíadas:

1.Entre o fim das Olimpíadas e o começo das Paralimpíadas se deu um certo tempo.Neste período não tive motivação para voltar a escrever sobre futebol... ainda estava no clima dos Jogos Olímpicos e é difícil uma mudança de uma causa tão nobre para, por exemplo, uma 12º rodada do Brasileirão - sem desmerecer o nosso querido campeonato.

2.Portanto, com o início das Paralímpiadas, deveria ter voltado a escrever, né?!Certo e errado. Certo porque assisti, sim, tudo o que me foi possível; me emocionei, vibrei, torci, assim como nas Olimpíadas, porém nesse tempo estava e ainda estou preparando uma super reportagem, que conta com fatos, fotos e entrevistas exclusivas com medalhistas olímpicos e paralímpicos.Ja já a novidade chega aqui...

Esses foram os dois principais motivos, sem contar ainda a falta de tempo... mas prometo que essa espera vai valer a pena, tendo em vista que uma reportagem elaboradíssima está por vir.

Abraços, Gustavo - do Redonda.